Abandonada à beira-rio
Pela calada da noite
A cidade apodrece
Remexendo no visco
Como ratazanas dos esgotos
Ansiando alimento
Percorrem-se as vielas
Abandonada
À beira-rio
Pela calada
Da noite
A cidade
Apodrece
Abandonada
À beira-rio
Pela calada
Da noite
A cidade
Apodrece
O amor, sublinhada filigrana
Submergido pelo lodo
Torna-se disforme
Destroço asfixiado em desperdícios
E o sol fotografa-nos
No vómito de uma dor imensa
Derradeira
Abandonada
À beira-rio
Pela calada
Da noite
A cidade
Apodrece
Abandonada
À beira-rio
Pela calada
Da noite
A cidade
Apodrece |